segunda-feira, 30 de março de 2009

The Great Train Robbery

(Edwin S.Porter, 1903)



Uma bela surpresa esse curta-metragem de 10 minutos feito já há mais de 100 anos, dirigido por Edwin S. Porter e que é não apenas um dos mais famosos exemplos de bom cinema feito na época em que a 7ª arte ainda engatinhava e um dos primeiros filmes de narrativas ficcionais, como também é o primeiro grande western que se tem notícia. A estória é simples e o título já resume muito bem sobre o que The Great Train Robbery é (então já descobriram, né?). O melhor de tudo é que a narração segue uma linha extremamente ágil, seca, direta ao ponto, sem nenhuma frescura (além de ser uma estória trágica e violenta e realista, especialmente para os padrões da época). A cena final, no tireoteio, é, aliás, excelente, com um uso realmente perfeito da trilha.

O filme pode ser encontrado no e-mule, mas também está disponível no you tube (e foi onde eu assisti, com o vídeo devidamente baixado). A qualidade é bem abaixo da média, mas acho que dificilmente pode ser encontrado coisa melhor. Aliás, o cinema desse período é um dos que mais tem me interessado; bastante coisa importante ainda não foi vista: Fritz Lang só conheço alguns sonoros, Eisenstein só vi um (Outubro, semana passada) e ainda bastante coisa boa do Buster Keaton (como A General) e Murnau (Nosferatu, Fausto) que ainda não assisti, além de outros clássicos do expressionismo alemão e cinema soviético (Robert Wiene, Pudokvin, e a lista segue...), que devem ser o que de melhor foi feito no período mesmo.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Dois Filmes de David Gordon Green

Contra Corrente (Undertow, 2004)
Segurando as Pontas (Pineapple Express, 2008)



Contra Corrente pertence a um tipo de Cinema profundamente interessado em despertar nossos cinco sentidos, todas as sensações possíveis (como o personagem do irmão mais novo, que experimenta os mais diferentes tipos de "alimentos" - tintas ou terra, por exemplo). Algumas firulas estéticas se justificam até muito bem, já que é também um Cinema que busca escapar de todo formalismo, alcançar uma máxima liberdade visual e de expressão (algo que, por sua vez, está expressa na rebeldia do personagem de Jamie Bell). É evidentemente inspirado em Malick, especialmente quando ele passa a explorar a relação entre os dois irmãos e o espaço que os cerca (há a poesia visual de um O Novo Mundo, mas também uma atmosfera - construída de modo impressionante - de alienação de um Badlands, já que os personagens vivem quase que totalmente isolados do mundo ao seu redor), mas acaba possuindo uma narrativa muito própria, pessoal e espontânea.



Pineapple Express, por outro lado, não carrega uma forte marca, até porque se trata de uma comédia misturada com ação (apesar de que em um ou outro momento dá pra perceber a "mão" dele, como naquela cena em que os dois protagonistas "brincam" feito duas crianças no meio do mato - não é o que vocês estão pensando -, uma espécie de delírio emaconhado), mas um dos grandes trunfos de Gordon Green aqui é justamente deixar os atores interpretarem o texto do modo mais livre possível, favorecendo o improviso, e essa é sempre as maiores qualidades dos longas estrelados pela trupe do Judd Apatow (o que há de melhor na comédia atual, de longe). Muita gente vai dizer que é filme de uma piada só (o que, vá lá, é uma verdade), que em um certo ponto a coisa toda satura, mas a quantidade gigantesca de gags e diálogos geniais, que passam muito longe de qualquer discurso politicamente correto, compensam bastante.

quinta-feira, 19 de março de 2009

The Lost City of Z



Semanas atrás eu falei sobre o novo filme do Terrence Malick, mas agora chega a vez de chamar a atenção pra outro filme que tem me intrigado bastante: The Lost City of Z, novo projeto do James Gray. Acho que as filmagens nem começaram ainda, mas Brad Pitt já foi escalado e parece que as coisas são sérias (espero, ao menos). A estória se passa inclusive aqui no Brasil, na região amazônica, baseado em um livro homônimo (foto acima), e, segundo o Wikipedia, "The Lost City of Z is the name given by Col. Percy Harrison Fawcett, a British surveyor, to a city that he allegedly saw in the jungle of the Mato Grosso region of Brazil."

O James Gray é um cineasta muito foda e que ainda infelizmente não parece ter ganho o devido reconhecimento (pelo menos fora da França - o Two Lovers, último filme dele e que parece ser fantástico, foi até lançado nesse país antes do que nos EUA - e o seu primeiro trailer foi, na verdade, uma bandé announce; trés chic, non?) e sempre dirigiu pequenos grandes filmes como o The Yards e Os Donos da Noite, mas, dessa vez, acho que as coisas vão tomar proporções realmente épicas (me cheira a um encontro entre Malick e Herzog, pra falar a verdade).



Excelente trailer (quer dizer, é bande annonce, foi mal aê!) do Two Lovers, que, segundo o IMDB, vai estrear em Abril aqui no Brasil, e que com certeza verei em DivX, já que, se chegar a passar aqui em Fortaleza, com certeza vai ser em uma única sala do Espaço Unibanco com uma cópia digital fuleira e mutilada.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Watchmen

(2009, Zack Snyder)



É certamente irregular e infladíssimo, algo que começa a surtir efeito depois da primeira metade, quando fica percebível que é realmente um trabalho sem muito foco e descontrolado, com um conteúdo amplo e complexo demais para um diretor sem muita experiência como o Zack Snyder. Eu precisaria ler a graphic novel do Alan Moore (que parece ser uma coisa fenomenal mesmo) antes de dizer isso, mas eu acho que poucos cineastas conseguiriam fazer uma adaptação redonda de uma obra que parece ser tão extensa. De qualquer modo, é um filme que faz companhia ao Speed Racer nessa seara dos blockbusters que nos fazem questionar o quanto de autoral pode existir em filmes assumidamente comerciais como esses. Ainda que me pareça exagerado e equivocado identificar Snyder como um autor ou coisa do tipo, é fácil de notar certos elementos que parecem lhe obcecar, como o uso enorme de tomadas em slow motion (que também pode facilmente ser tomado como um tique ou limitação - e infelizmente acho que tendem mais para esse lado mesmo). É algo que me incomodava demais no 300, que me parecia apenas um exercício muito fútil e exibicionista, mas que aqui ganha maior "corpo", uma narrativa que se aproxima bem mais da cinematográfica. Tudo parece feito para construir uma atmosfera, nos levar a uma outra dimensão, nos deslocar da realidade. Como experiência visual é um filme extremamente bem sucedido e mais arriscado (especialmente em relação ao uso da violência) que 90% das adaptações de HQ que se tem por aí (e incluam aí os dois últimos Batmans). Eu tinha tudo pra odiar, mas o fato de ser um trabalho tão inusitado (a abertura, genial, prova isso) e imprevisível acabou me agradando.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Tree of Life

Desde que eu vi no IMDB que Tree of Life, novo filme do Terrence Malick, tava em pós-produção, não cansava de esperar por um trailer. Depois que eu li algumas novas notícias (dentre as poquíssimas já reveladas - muito normal, se tratando de um diretor que passou 20 anos sem filmar) sobre, tenho quase toda a certeza que esse filme nunca vai estrear. Tá me cheirando a Heaven's Gate, filme maldito do Cimino e que eu sou louco pra ver. Vamos lá, sejamos realistas: se ele realmente quer fazer um filme com dinossauros em IMAX, o orçamento certamente será altíssimo, em um filme que muito provavelmente não dará a audiência necessária pra cobrir os gastos. Além de tudo, se Tree of Life realmente contar toda a história da humanidade (!), a duração deverá ser, no mínimo, sei lá, de uns 300 minutos (já que estamos falando de Malick), sendo que os produtores deverão cortar, no mínimo também, 150 (Por que? Bem, sabemos como eles são...). A coisa se complica ainda mais caso os boatos de que se trata de um projeto que será dividido em três (um na era dos dinossauros, outros nos anos 50 e uma outra nos tempos atuais, se não me engano) sejam de fato verdadeiros. Pra completar, os dois atores principais são dois astros em alta, Brad Pitt e Sean Penn, que, como sabemos, acabou de ganhar um segundo Oscar; são com certeza caríssimos, mas em compensação temos o fato de que ambos são bons modos de se chamar atenção em torno do filme.

De qualquer modo, não espero que fique pronto tão cedo, mas é, de longe, o filme mais aguardado por mim.


Cena incial de O Novo Mundo

sábado, 7 de março de 2009

Filmes de Fevereiro



/Beleza Americana/ (American Beauty, 1999, Sam Mendes) - * *
Foi Apenas um Sonho (Revolutionary Road, 2008, Sam Mendes) - * *1/2
/Estrada para Perdição/ (Road to Perdition, 2002, Sam Mendes) - * * *1/2
Um Convidado Bem Trapalhão (The Party, 1968, Blake Edwards) - * * * *
O Leitor (The Reader, 2008, Stephen Daldry) - * *
Caro Diário (1993, Nanni Moretti) - * * * *
Coraline (2009, Henry Selick) – * * *
Alien (1979, Ridley Scott) – * * * *
Muito Além do Jardim (Being There, 1979, Hal Ashby) – * * *1/2
Saudações (Greetings, 1968, Brian DePalma) - * * *1/2
O Lutador (The Wrestler, 2008, Darren Aronofsky) - * * * *
Milk (2008, Gus Van Sant) - * * * *
Operação Valquíria (Valkyrie, 2008, Bryan Singer) - * * *
Viver a Vida (Vivre sa Vie: Film en Douze Tableaux, 1962, Jean-Luc Godard) - * * *1/2
Gremlins (1984, Joe Dante) - * * * *
Segurando as Pontas (Pineapple Express, 2008, David Gordon Green) - * * * *
Sim, Senhor (Yes Man, 2008, Peyton Reed) - * *1/2
Na Mira do Chefe (In Bruges, 2008, Martin McDonagh) - * * * * (+?)
/Extermínio/ (28 Days Later..., 2002, Danny Boyle) - * *1/2
São Bernardo (1971, Leon Hirszman) - * * * *

Momento Dylan



"Then take me disappearin' through the smoke rings of my mind,
Down the foggy ruins of time, far past the frozen leaves,
The haunted, frightened trees, out to the windy beach,
Far from the twisted reach of crazy sorrow.
Yes, to dance beneath the diamond sky with one hand waving free,
Silhouetted by the sea, circled by the circus sands,
With all memory and fate driven deep beneath the waves,
Let me forget about today until tomorrow."

É por trechos como esse que eu gosto de dizer que meu escritor favorito se chama Bob Dylan.

quinta-feira, 5 de março de 2009

It Takes a Nation of Millions...



...to hold Michael Mann back.