quinta-feira, 30 de abril de 2009

Funny People



Encerro o mês de Abril com mais um post para a "sessão" de notícias. Dessa vez, escolhi o novo trabalho de um cineasta que eu admiro muito, considerado o que há de melhor na "nova comédia americana", o Judd Apatow. Fez seu último filme há dois anos, o maravilhoso Knocked Up, e, nesse meio tempo, foi produtor de outros sucessos, como o Forgetting Sarah Marshall (que eu acho bem fraco e superestimado) e o bom Superbad, além de Pineapple Express, do David Gordon Green. O trabalho anterior já se voltava para um cinema de maior cunho dramático (e já em O Virgem de 40 Anos, mais escrachado, havia interesse em temas "maiores", como amadurecimento), apesar do humor ainda ser o centro do filme. Tenho a impressão de que esse Funny People seguirá ainda mais a linha da "dramédia". O protagonista da história, um comediante que descobre que possui uma doença terminal, tendo apenas mais alguns meses de vida, será interpretado pelo Adam Sandler, com o elenco contando também com Eric Bana e Jason Schwartzman (todos os três em suas primeiras colaborações com Apatow), além de habituais colaboradores do cineasta, como Leslie Mann (sua esposa, na verdade) e Seth Rogen, que viverá um amigo do personagem de Sandler.

A data de estréia nos EUA está marcada para o dia 31 de Julho, mas no Brasil acredito que ainda não exista previsão. O trailer segue abaixo, mas recomendo que vocês vejam somente até a metade, já que tem a maior cara de ser daqueles que contam o filme todo (também, com 3 minutos de duração...).



PS: O filme escolhido para a semana passada, The Limits of Control, do Jim Jarmusch, estreia nessa sexta nos EUA, e, no Rotten Tomatoes, sua porcentagem é, até agora, de 19% (tá certo que são apenas 16 votos, mas ainda assim...). Isso, obviamente, indicaria que o filme realmente será bom, mas também o Mike D'Angelo (que parece curtir os filmes anteriores do diretor - "I consider myself a Jarmusch fan, if not exactly a true believer."), daquele log cheio de fanboys, deu uma nota bem baixa, 35 (!). Só fico mais curioso para vê-lo depois dessas.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um Conto de Natal



O que mais me veio à cabeça ao ver este Um Conto de Natal é que ele é tudo o que O Segredo do Grão, do duas vezes vencedor do César Abdel Kechiche, queria ter sido. Não quero me aprofundar muito nessa comparação, porque elas geralmente são bem chatas, mas existem evidentemente alguns pontos em comum partilhado entre esses dois filmes, como o fato de ambos se interessarem em explorar as relações familiares e por aparentemente se alongarem sem motivo. Digo "aparentemente" pois acho que é um problema que atinge muito mais o trabalho de Kechiche que o de Desplechin (que há cinco anos fez a obra-prima Reis e Rainha). Em O Segredo do Grão há a necessidade de se criar uma espécie de épico familiar, enchendo linguiça com algumas que ao meu ver se alongam desnecessariamente, parecendo que o diretor teve que criar cenas adicionais para que o trabalho chegasse a tal duração, enquanto Um Conto de Natal se prolonga de um modo muito mais natural, com uma narrativa fluida (quase jazzística) que faz com que a duração dificilmente seja sentida (será que sou o único que poderia passar mais uma hora dentro do cinema acompanhando aqueles personagens??), e também porque o Desplechin possivelmente o escreveu/filmou tão excitadamente que acabou perdendo o controle do material. Sim, talvez seja uma obra um pouco descontrolada e gorda (apesar de que a montagem parece dar conta de tudo), mas tá bom demais do jeito que ficou: um registro vivo e extremamente caloroso e complexo dos relacionamentos humanos, valorizando e se aprofundando em cada um daqueles personagens (outro motivo pelo qual o filme precisa se alongar um pouco), fugindo de todo tipo de clichês que geralmente dominam filmes sobre "famílias desestruturadas" (todo diretorzinho indie devia ter esse como filme de cabeceira). Dificilmente seria tão bom se não tivesse um elenco gigantesco por trás: além de Catherine Deneuve, temos Mathieu Almaric, gênio e melhor ator de sua geração, Chiara Mastroianni, Emmanuelle Devos e belas performances de Melvin Poupald (o cara do O Tempo que Resta) e principalmente de Anne Consigny (que interpreta a filha mais velha), que já atuou com Almaric em O Escafandro e a Borboleta. Grande filme mesmo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Cannes 2009



Há um ano escrevi um post comunicando sobre os indicados à Palma de Ouro de 2008 e repito o feito esse ano. Muitos nomes de interesse na lista, como o novo do Tarantino (Inglorious Bastards - que surpresa!), Resnais (Les herbes folles), Ang Le (Taking Woodstock) Haneke (Das Weisse Band), Johnnie To (Vengeance), Almodovar (Los Abrazos Rotos - esse não me interessa muito, na verdade), além de Tsai Ming-Liang (Visages, filme feito na França com elenco de peso - Mathieu Almaric, Jeanne Moreau, Fanny Ardant e Jean-Pierre Léaud), Elia Suleiman (The Time that Remains), Gaspar Noé (Soudain le Vide), Ken Loach (Looking for Eric - mas quem liga pra esse?), Marco Bellochio (Vincere), Park Chan-wook (Bakjwi), Von Trier (The Antichrist), mas não me anima tanto como a do ano passado (que tinha Martel, Desplechin, Dardenne, Garrel, Eastwood, etc.). Fora da seleção principal, teremos, no Un Certain Regard, novo trabalho do diretor de O Hospedeiro, Bong Joon Ho, com Mother (por que não na principal?); de Corneliu Porumboiu, romeno cujo último trabalho (À Leste de Bucareste) se tornou um hype meio injustificado, com Politist, Adjectiv; Kore-Eda (Kuki Ningyo), o mesmo de Ninguém Pode Saber, e também o brasileiro Heitor Dhalia, com À Deriva (não boto fé, aliás, mas espero me surpreender). Fora de competição vão ser exibidos ainda o novo Terry Gilliam, The Imaginarium of Doctor Parnassus, e Alejandro Amenábar (Agora), que não dirigia nada desde 2004, quando ganhou o Oscar por Mar Adentro.

Isabelle Huppert será a presidente do Júri, que ainda conta com Asia Argento e James Gray (que, nos EUA, por outro lado...). Para ver a lista completa, clique aqui.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

The Limits of Control



Aproveitando que acabei de falar de um filme do Jim Jarmusch, o escolhido para essa semana é o seu novo trabalho, The Limits of Control, que já ganhou trailer (o vídeo abaixo) e que estreará nos EUA já no mês que vem (no Brasil creio que não exista ainda uma data definida). Segundo o IMDB, o filme falará sobre "The story of a mysterious loner [muito surpreendente, se tratando de Jarmusch, não?], a stranger in the process of completing a criminal job.", e para por aí. Como podemos perceber, muito pouco material foi divulgado, mas, por essa descrição, imagino que um filme mais próximo de um Ghost Dog, segundo uma linha mais voltada pro thriller, do que de um Flores Partidas, o último filme do diretor, feito há 4 anos. No elenco temos Bill Murray (que por si só já representaria uma razão preu ver esse filme), John Hurt, Tilda Swinton, Gael Garcia Bernal e Isaach De Bankolé (o sorveteiro haitiano de Ghost Dog), que aparentemente é o protagonista da estória.

sábado, 18 de abril de 2009

Ghost Dog

(1999, Jim Jarmusch)



Em Dead Man, Jim Jarmusch pegou elementos do western, jogou no liquidificador e fez um filme muito estranho se pegarmos como referência a história do gênero, mas que se encaixa com perfeição dentro da filmografia do cineasta. Ghost Dog foi feito 4 anos depois e serve como uma sequencia natural: nada a ver se pegarmos a trama como exemplo, mas dá continuidade a esse processo de desmitificar certos gêneros que Jarmusch iniciou em Dead Man. Se naquele Jarmusch procurava reconstruir o faroeste, Ghost Dog entra em um território ainda mais amplo, o dos filmes de gangsters ou os de samurai, desconstruindo o tempo todo caricaturas e criando personagens totalmente inusitados (há, por exemplo, um mafioso que curte Public Enemy e o próprio protagonista, um samurai negro). Jarmusch sempre se interessou em fazer retratos da América, mas em Ghost Dog ela se apresenta do modo mais diversificado (etnica e culturalmente) possível, como esses dois personagens citados podem comprovar (além, é claro, de Raymond, um sorveteiro haitiano que não sabe falar inglês, mas que curiosamente é o melhor amigo do protagonista). O ritmo, como sempre, é pausado e lento, mas é um filme que vai surpreendendo com o passar do tempo, se mostrando extremamente denso, especialmente no sangrento terceiro ato, com elipses que me levaram de volta à atmosfera de Onde os Fracos Não Tem Vez. Ghost Dog, o personagem, também é o típico herói jarmushiano, mas não sendo apenas um esteriótipo; é alguém que parece desconectado com a ordem do mundo atual (alguns personagens o comparam à antigos gangsters, outros dizem que seu nome é símilar aos índios ou aos atuais rappers) que procura seguir as regras antigas (a excelente cena envolvendo caçadores de urso deixa isso bem claro). Desse modo, o desfecho trágico, em que o faroeste de Dead Man é retomado, me parece mais do que apropriado.

PS: Destaque também para a ótima trilha sonora do RZA, a cabeça do Wu Tang-Clan (e não me surpreenderia se Jarmusch tivesse se inspirado no grande Enter The Wu-Tang para fazer este Ghost Dog).

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Where the Wild Things Are



Bem, decidi que post como aquele sobre o novo do James Gray e o The Tree of Life serão uma constante aqui no blog. Pra evitar que ele fique jogado às moscas, vou tentar colocar pelo menos uma vez por semana um texto sobre algum filme de interesse que ainda não tenha estreado. Não vou marcar um dia exato para essas postagens, porque promessas como essa só servem pra não serem cumpridas. De qualquer modo, será uma "coluna" semanal.

Dessa vez, o filme que escolhi é o novo trabalho do Spike Jonze, Where the Wild Things Are. Ele ficou famoso nos anos 90 fazendo alguns videoclipes para bandas como Sonic Youth (como 100%), Beastie Boys (Sabotage) ou do Fatboy Slim (Weapon of Choice - sim, aquele do Christopher Walken dançando)e no Cinema, com Quero Ser John Malkovich e Adaptação, ficou conhecido pelo seu trabalho com o Charlie Kaufman. Depois de 9 anos sem lançar nada, Jonze agora trabalha na adaptação do livro infantil que dá nome ao filme, que conta a estória de um garoto que, após ficar de castigo, cria uma espécie de "universo particular" habitado por criaturas místicas. Será também será uma chance de confirmar se ele é ou não apenas uma cria do Kaufman. O trailer saiu recentemente e é sensacional mesmo, com "Wake Up", do Arcade Fire, como trilha (uma música que, aliás, parece se encaixar muito bem dentro do contexto do filme).

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Longe do Paraíso

(Far From Heaven, 2002, Todd Haynes)



Era um filme que estava interessado em rever desde que eu vi o Não Estou Lá e o ótimo Veneno, mas acabei deixando pra depois e só fui me lembrar de aluga-lo dia desses (havia visto já há um bom tempo, na época do lançamento do DVD, se não me engano). Acaba confirmando que Haynes é realmente um dos melhores cineastas em atividade no momento, e que consegue impor sua marca mesmo em um filme menos vanguardistas. É todo desenvolvido como um melodrama clássico, mas acaba seguindo um caminho muito próprio: passa longe de ser frio e impessoal, como todos aqueles filmes enlatados para o Oscar, mas também não segue uma linha muito Clint Eastwood (apesar da delicadeza apresentada aqui seja a mesma), o que melhor sabe lidar com esse gênero atualmente; se quisermos falar de filmes com temas similares, Longe do Paraíso também se afasta de um "cinismo" à Beleza Americana (ou da sobriedade da excelente série televisiva Mad Men). O que Haynes faz aqui é pincelar com cores fortes e chamativas um mundo aparentemente perfeito, mas que no fundo se revela artificial e tão desestruturado como qualquer outro. Em uma determinada cena, por exemplo, a personagem de Julianne Moore pergunta ao seu jardineiro, vivido por Dennis Haysbert (de 24 Horas), se é possível enxergar através da superfície, e o mais interessante é que isso não apenas se relaciona com o contexto do filme (que tem como um dos principais temas o racismo) como também com essa própria questão estética. Aliás, o uso forte das cores no cinema de Haynes não é novidade, já que é algo que se pode notar em Não Estou Lá ou em Veneno, mas aqui ganha um foco principal. É realmente de impressionar como ele compõe todo esse colorido, seja por uma luz azul forte que parece dar mais melancolia ou densidade a uma cena, ou por aquele passeio no parque entre Moore e Haysbert, que consegue ser muito vivo e lírico visualmente sem parecer fetiche ou excessivamente plástico. Na verdade, o filme é todo tão natural quanto essa cena.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Filmes de Março



/Contra Corrente/ (Undertow, 2004, David Gordon Green) - * * * *
Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire, 2008, Danny Boyle) - *1/2
Watchmen (2009, Zack Snyder) - * * *
Império do Crime (The Big Combo, 1955, Joseph H. Lewis) - * * * *
Outubro (Oktyabr, 1928, Sergei M. Eisenstein) - * * * *
Lírio Partido (Broken Blossoms, 1919, D.W. Griffith) - * * *1/2
Sangue de Heróis (Fort Apache, 1948, John Ford) - * * * *
/Chinatown/ (1974, Roman Polanski) - * * * *1/2
Frost/Nixon (2008, Ron Howard) - * * *
O Último dos Moicanos (The Last of the Mohicans, 1992, Michael Mann) – * *1/2
Gran Torino (2008, Clint Eastwood) – * * * *
Em Direção ao Sul (Vers le Sud, 2005, Laurent Cantet) – * * *
Senso (1954, Luchino Visconti) – * * *
The Great Train Robbery (1903, Edwin S. Porter) – * * * * [CURTA]
O Fim e o Princípio (2005, Eduardo Coutinho) - * * * *

TOTAL: 14 filmes + 1 curta