É inegável que é um filme com problemas, quase todos relacionados ao modo como é retratado o departamento de polícia e o hospital psiquiátrico (apesar de que não é em nenhum momento um filme de “o mundo todo contra uma personagem”), mas esse aparente maniqueísmo vai perdendo a força com o passar do tempo (especialmente no excelente terceiro ato), de modo que não acaba pesando tanto contra o filme. Nas mãos de um Ron Howard, um texto desses poderia render simplesmente um dramalhã descerebrado e enlatado, mas Clint sabe como poucos criar um melodrama com a quantidade certa de açúcar, muito contido e extremamente sincero (a intenção aqui não é ganhar Oscars ou qualquer outra coisa do tipo; é simplesmente de contar uma estória), o que faz de A Troca um filme clássico em pleno século XXI (e eu sei que falar isso do Clint é um chavão gigantesco, mas, enfim...). Também é um caso raro de filme que consegue aproveitar muito bem sua longa duração (e não são muito sentidos – ao menos por mim – devido a segurança de Eastwood em conduzir suas narrativas), sendo “A Troca” uma espécie de pesadelo crescente, com momentos tão intensos e angustiantes como um “Sobre Meninos e Lobos”.
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