sábado, 17 de maio de 2008

Na Natureza Selvagem

(Into the Wild, 2007, Sean Penn)



Tinha tudo para ser realmente um garnde filme (e o que me fez acreditar nisso foi o maravilhoso primeiro ato), mas acaba se comprometendo devido a uma certa irregularidade que permeia os 150 minutos de projeção. O que mais me agrada é como Sean Penn decide nos apresentar a mensagem do trabalho, que, caso tivesse parado nas mãos de um, sei lá, Ron Howard, poderia receber aqueles insuportáveis contornos "edificantes"; é um fime sobre a (tentativa de alcançar) liberdade, e Penn faz questão de tornar tudo muito visceral, caloroso, extremamente vivo, se aventurando junto a seu protagonista, e demonstrando considerável senso estético, algo que não esperava dele (é bem filmado, resumindo tudo). Interessante é também notar que o filme não se deixa levar por utopismos bobos ou imaturos, e o que prova isso é aquela amarga e desoladora (e linda, é claro) sequencia/conclusão final. A grande surpresa mesmo fica mesmo por conta do Emile Hirsch, de quem nunca fui grande admirador, mas a entrega e força com que interpreta seu personagem impressiona.

Nada me desagrada por completo, mas me incomoda especialmente o tratamento dado a certos personagens, como o casal de hippies ou o casal de gringos, que muitas vezes beiram a mera caricatura, ou então os próprios pais do protagonista, ambos com construção bem previsíveis (é geralmente bem simplista ao tratar dos assuntos familiares, apesar de possuir momentos fortes). O ritmo também não é dos mais constantes, e a longa duração me parece bastante desnecessária; acaba virando um filme com estrutura um tanto disforme, pouco redondo, e coisas como a narração em off acabam intensificando esse problema, chegando a parecer um pouco redundante. Melhora bastante quando o personagem de Hol Holbrook, merecidamente indicado ao Oscar, com uma interpretação bem densa, entra em cena, culminando numa sequencia de encerramento, que, como já disse, é comovente. Um trabalho cheio de imperfeições, mas ainda assim bem bonito.


Clipe para a bela canção-tema do filme, Guaranteed, do Eddie Vedder

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