sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O primeiro curta de Rogério Sganzerla



- Mudou! Saiu o filme do Samuel Fuller, que sacanagem!
- De quem?
- Samuel Fuller, não conhece Samuel Fuller? Um diretor americano bacana, que fez Casa de Bambu, A Lei dos Marginais, filme colorido filmado no Japão, muito bacana, cê viu sim.
- Nah, não me lembro não... Vamo tomar um café.
- Cê paga?
- Pago

Documentário
(1966)

domingo, 23 de agosto de 2009

Velvet Goldmine

(1998, Todd Haynes)



Para completar a filmografia de Todd Haynes (entre os seus longa-metragens, já que infelizmente ainda não tive a oportunidade de ver o “The Karen Carpenter Story”), só me faltava esse terceiro filme, Velvet Goldmine, que pude assistir há algumas semanas, sendo, curiosamente, o seu trabalho que mais se aproxima da sua obra-prima, Não Estou Lá. Na verdade, me parece mais um rascunho precipitado do que ele iria fazer futuramente, mas ainda assim é uma obra excitante. Não são parecidos apenas por estarem ligados ao universo musical, mas por também brincarem com a estrutura narrativa e pela mistura entre gêneros. Velvet Goldmine é sem dúvida uma obra rica e complexa, mas é visível também que é um trabalho um tanto descontrolado, excessivo, daqueles casos em que o passo parece ser maior que a perna.

Entre os trunfos do projeto, destaco o belo painel que faz de uma determinada época (a Inglaterra que fervia ao som do glam rock no começo dos anos 70) e daquela efeverscência cultural do período. Um dos protagonistas, o cantor fictício Brian Slade, é inspirado em Ziggy Satrdust de David Bowie, mas parece incorporar elementos de outros artistas do rock (afinal, quantas vezes já ouvimos falar de músicos que teriam supostamente encenado sua própria morte? – temos Elvis e Jim Morrison, pra começo de conversa). Velvet Goldmine felizmente não nos oferece respostas concretas sobre o enigma de Slade; nunca conseguimos entende-lo por completo, é um fantasma que sempre parece nos escapar (se assemelha a Dylan nesse ponto). Não deixa de ser também um filme sobre a memória, sobre como víamos (ou vemos) nossos ídolos (a história de Slade nos é apresentada através de flashbacks, com depoimentos de pessoas que participaram de suas vida dados ao personagem de Christian Bale – uma estrutura de pseudo-documentário que se reflete de modo mais direto em Veneno e Não Estou Lá).

Outra menção musical interessante que o filme faz está na personagem de Ewan McGregor, Curt Wild, claramente inspirado em Iggy Pop (mas ele canta TV Eye, dos Stooges, em um show, então entregaram o ouro), mas me parece incorporar alguns traços da persona de Lou Reed também, como a terapia de eletro-choque que Curt sofre quando seus pais descobrem sobre a sua homossexualidade ou uma frase que é dita no inicio pelo seu personagem (algo como “Eu não entendo como todo mundo pode ser bissexual. Pra mim é impossível que alguém finja ser gay” – frase de autoria de Reed, mas não exatamente com essas palavras). Como vocês podem perceber, a estória do filme se baseia em três personagens (Slade, Wild e o jornalista vivido por Bale), e isso resulta na falta de foco, o que apenas dá mais irregularidade à obra, que no geral é mais uma colcha de retalhos, um amontoado de idéias. O que não deixa de ser interessante.

Fracasso à Vista



Sinceramente, não sei se vai ser bom ou ruim (e não tenho muitas expectativas), mas esse filme me cheira à fracasso comercial. Vai entrar pra história, de um jeito ou de outro (faliria o James Cameron, caso ele não tivesse feito Titanic).

terça-feira, 18 de agosto de 2009

4x Lumiére

Lumiére descobre a imagem:


Lumiére descobre a trilha sonora:



Lumiére desobre o roteiro:

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Filmes de Julho



Quem Sabe? (Va Savoir, 2001, Jacques Rivette) – * * *1/2
O Joelho de Claire (Le Genou de Claire, 1970, Eric Rohmer) – * * * *
Filhos de Hiroshima (Gembaku no Ko, 1952, Kaneto Shindô) – * * *1/2
Jean Charles (2009, Henrique Goldman) - * *1/2
O Silêncio (Tystnaden, 1963, Ingmar Bergman) – * * * *
XXY (2007, Lucía Puenzo) - * * *1/2
As 4 Aventuras de Reinette e Mirabelle (4 aventures de Reinette et Mirabelle, 1987, Eric Rohmer) – * * * *
Um Casamento Perfeito (Le Beau Mariage, 1982, Eric Rohmer) – * * *1/2
Viva Zapata! (1952, Elia Kazan) - * * *1/2
The Blackout (1997, Abel Ferrara) – * * * *1/2
A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington, 1939, Frank Capra) – * * * *1/2
Luz de Inverno (Nattvardsgästerna, 1962, Ingmar Bergman) – * * *1/2
A Primeira Página (The Front Page, 1974, Billy Wilder) – * * *1/2
Procedimento Operacional Padrão (Standard Operating Procedure, 2008, Errol Morris) – * * * *
Sicko (2007, Michael Moore) – *1/2
Farrapo Humano (The Lost Weekend, 1945, Billy Wilder) – * * *
Através de um Espelho (Såsom i en Spegel, 1961, Ingmar Bergman) – * * * *
Este Mundo É um Hospício (Arsenic and Old Lace, 1944, Frank Capra) – * * *1/2
Batalha no Céu (Batalla en el Cielo, 2005, Carlos Reygadas) – * * * *1/2
O Equilibrista (Man on Wire, 2008, James Marsh) – * * *1/2
O Vampiro (Vampyr - Der Traum des Allan Grey, 1932, Carl T. Dreyer) – * * * *
O Deserto dos Tártaros (Il deserto dei Tartari, 1976, Valerio Zurlini) – * * * *1/2
A Fonte da Donzela (Jungfrukällan, 1960, Ingmar Bergman) – * * * *
A Proposta (The Proposal, 2009, Anne Fletcher) – * *
Os Guarda-Chuvas do Amor (Les Parapluies de Cherbourg, 1964, Jacques Demy) – * * * *1/2
/Jackie Brown/ (1997, Quentin Tarantino) – * * * *1/2
A Tortura do Medo (1960, Michael Powell) – * * * * *
Minha Esperança é Você (A Child is Waiting, 1963, John Cassavetes) – * * *1/2
Van Gogh (1991, Maurice Pialat) - * * * *
/Cães de Aluguel/ (Reservoir Dogs, 1992, Quentin Tarantino) - * * * *
A Garota Ideal (Lars and the Real Girl, 2007, Craig Gillespie) - * * *1/2
Entre os Muros da Escola (Entre les Murs, 2008, Laurent Cantet) – * * * *
À Salvo (Safe, 1995, Todd Haynes) – * * * *
Um Condenado à Morte Escapou (Un Condamné à Mort s'est Échappé ou Le Vent Souffle où il Veut, 1956, Robert Bresson) – * * * *
O Ano Passado em Marienbad (L'Année Dernière à Marienbad, 1961, Alain Resnais) - * * * *1/2
Psicose (Psycho, 1998, Gus Van Sant) – * *
Caçadores de Emoção (Point Break, 1991, Kathryn Bigelow) – * *1/2
O Último Golpe (Thunderbolt and Lightfoot, 1974, Michael Cimino) – * * *1/2
/Pickpocket/ (1959, Robert Bresson) – * * *1/2
A Canção da Esperança (Too Late Blues, 1961, John Cassavetes) - * * *1/2
Crônica de um Verão (Chronique d'un Été, 1960, Jean Rouch and Edgar Morin) – * * * *
Inimigos Públicos (Public Enemies, 2009, Michael Mann) – * * * *
/O Informante/ (The Insider, 1999, Michael Mann) - * * * *
Joe Contra o Vulcão (Joe Versus the Volcano, 1990, John Patrick Shanley) – * * *1/2
/O Processo de Joana D’Arc/ (Procès de Jeanne d'Arc, 1962, Robert Bresson) - * * * *
A Infância de Ivan
(Ivanovo Detstvo, 1962, Andrei Tarkovsky) – * * *1/2
O Espelho (Zerkalo, 1975, Andrei Tarkovsky) – * * * *1/2
Harry Potter e O Enigma do Príncipe (Harry Potter and the Half-Blood Prince, 2009, David Yates) – * * *
Testemunha de Acusação (Witness for the Prosecution, 1957, Billy Wilder) – * * *
Pânico nas Ruas
(Panic in the Streets, 1950, Elia Kazan) - * * *1/2

TOTAL: 50 filmes.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Minha Esperança é Você

(A Child is Waiting, 1963, John Cassavetes)



É o terceiro filme do Cassavetes e, se não me engano, o primeiro em que o cineasta não é seu próprio produtor. Minha Esperança é Você teve produção de Stanley Kramer (quem só conheço de nome), com Cassavetes se encarregando da direção por recomendação do roteirista. O próprio cineasta falou: "I didn't think his film - and that's what I consider it to be, *his* film - was so bad, just a lot more sentimental than mine." Engraçado, essa é exatamente a minha opinião. Fica realmente evidente em Minha Esperança é Você que Cassavetes é aqui um estranho no ninho, sem a liberdade que vemos em Shadows ou Amantes (tanto é que não teve direito ao corte final, sendo demitido no processo de montagem). Não sou profundo conhecedor da obra do cara (fora os dois que citei, só vi Husbands), mas dá pra perceber que certas escolhas não foram dele, especialmente em relação à trilha sonora asquerosa, que enche o filme de um sentimentalismo desnecessário (incrível como ela chega a atrapalhar em alguns momentos), apelando pra chantagem emocional, que é o que de mais sujo um filme pode fazer, limitando a crueza emocional que Cassavetes evidentemente queria atingir. Mas, sim, existem momentos em que a mão do cineasta é visível e em que essa crueza é sentida; destaco, como exemplo, as cenas da conversas entre a personagem de Judy Garland com a de Gena Rowlands (novinha, linda); aquela entre Burt Lancaster e o garoto com problemas mentais; Garland cantando com os seus alunos enquanto seus olhos se enchem de lágrimas; a sequencia final, a peça de teatro (estragada novamente pela quantidade de açúcar exagerado lá pelo seu fim - a trilha sonora, lá de novo); e a inicial, que me fez acreditar que iria ver mais um filmaço do Cassavetes. Não o é, definitivamente, mas, como eu já citei, tem seus pontos altos (mas o baixos às vezes pesam mais).