sábado, 29 de novembro de 2008
Para Fábio Assunção
Eu assubo nos aro, vou brincar no vento leste
A aranha tece puxando o fio da teia
A ciência da abeia, da aranha e a minha
Muita gente desconhece
Muita gente desconhece, olará, viu?
Muita gente desconhece
Muita gente desconhece, olará, tá?
Muita gente desconhece
A lua é clara, o sol tem rastro vermelho
É o lago um grande espelho onde os dois vão se mirar
Rosa amarela quando murcha perde o cheiro
O amor é bandoleiro, pode inté custar dinheiro
É fulô que não tem cheiro e todo mundo quer cheirar
Todo mundo quer cheirar, olará, viu?
Todo mundo quer cheirar
Todo mundo quer cheirar, olará, tá?
Todo mundo quer cheirar
Na Asa do Vento, de Caetano Veloso (escrita por João do Vale e Luiz Vieira). Dedicada também a Maradona e a todos os políticos desse nosso Brasil.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
La Belle Personne
Se comparado aos seus dois trabalhos anteriores,
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Dois Filmes de Albert Lamorisse
O Cavalo Branco (Crin Blanc: Le Cheval Sauvage, 1953)
AVISO: Alguns spoilers no parágrafo sobre O Balão Vermelho.
Desconhecia completamente o nome de Albert Lamorisse antes de que começasse a ser exibido pelo Brasil as cópias de dois famosos médias-metragens, ambos premiados em Cannes e que funcionam muito bem como sessão dupla (o modo como tem sido exibidos, aliás), especialmente devido a proximidade entre seus temas, com ambos tecendo um retrato muito delicado do universo infantil.
sábado, 15 de novembro de 2008
Novo Mundo
Respiro já era um belo filme, mas, mesmo que Emanuele Crialese já demonstransse ser um talento promissor, não espearia que seu filme seguinte fosse tão maravilhoso como esse Novo Mundo. Há uma evidente compaixão e afeto por todos aqueles personagens ao mesmo tempo confusos e fascinados por todas as aparentes oportunidades que o tal mundo novo permite. É um projeto bastante pessoal e sempre muito delicado, feito sob as perspectivas dos imigrantes. A maturidade do cineasta é algo que realmente surpreende, não apenas no lado dramaturgico como também do técnico: poderia cair muito bem no mero exibicionismo, como ocorre com diversos trabalhos de estrutura parecida (tipo Flanders, do Bruno Dumont), mais lentos e conteplativos, mas o que Criasele demonstra é ao mesmo tempo virtuosismo e segurança, nos apresentando imagens puras, cristalinas. Dois belos exemplos de seu talento nessa área: o plano em que mostra a partida do navio, um dos momentos mais embláticos do filme, quando os viajantes rompem de vez (ao menos fisicamente) os laços com suas raízes; a outra é aquela espécie de visão geral do "hospital", ao som de "I'm Feeling Good", uma parte muito curta, mas que chama bastante a atenção. Interessante também notar que Novo Mundo se distancia muito do melodrama convencional, especialmente em umas passagens surreais, como as do legumes gigantes ou o banho de leite (algo que me lembrou, aliás, de Em Busca da Vida, do Jia Zhang-Ke, outro grande filme). Cena final também é de uma beleza
extraordinária.
sábado, 8 de novembro de 2008
A Promessa
Jean Pierre & Luc Dardenne parecem fazer cinema com um principal (único?) objetivo: a de nos apresentar pequenas estórias sobre pessoas comuns vivendo situações extremas, fazendo um estudo detalhista e objetivo sobre seus personagens, e sempre com uma câmera que faz questão de estar próxima a eles, de não perder um gesto ou um olhar. Alguns, no entanto, podem afirmar que a dupla se repete, que se entrega a fórmulas; sim, talvez eles estejam certos, já que as semelhanças existentes entre "A Promessa", "A Criança" e "O Filho" (os que vi deles; falta apenas Rosetta - e não gostei desse último da primeira vez que o vi, e obviamente tenho que revê-lo) estão longe de ser poucas: além de atenderem à "regra" que citei no início, todos estes três nos apresentam conflitos que se relacionam a pai e filho: em "A Criança", o pai adolescente precisa amadurecer para cuidar do filho recém-nascido; em "O Filho", um pai se confrontava com o assassino de seu filho. Mas o que torna cada filme especial é como e sobre qual prisma eles decidem explorar a situação.
Em "A Promessa" (e agora paro com as comparações e falarei mais sobre o filme em questão, prometo), filho (Jérémie Renier, protagonista de "A Criança") e pai (Olivier Gourmet, de O Filho) trabalham com o negócio de imigrantes ilegais, até que um dos "empregados" morre acidentalmente, e é nessa hora que o filme "explode" (essa introdução seguida de algo que mudará a vida dos personagens é bem típica deles também). O que sempre é explorado, desde o início, é a cumplicidade existente entre o pai e o filho; a todo momento os Irmãos Dardenne se interessam por construir um panorama geral desta relação (o trabalho em conjunto, as brigas, mas também os momentos de amizade, etc.) e, após o tal acontecimento, nos mostra a decomposição dessa cumplicidade, devido especialmente ao choque de interesses. E é aí que "A Promessa" se aproxima muito do principal tema de "A Criança" (foi mal, voltei às comparações): o amadurecimento. O personagem do filho, para tentar cumprir a promessa feita ao empregado pouco antes deste morrer, precisa assumir responsabilidades e contrariar ordens do pai para cumprir esse objetivo (e até abre mão das brincadeiras com seu kart). Essa trajetória é contada sempre de modo cru e sufocante pelos irmãos, sem se utilizar de nenhum tipo de trilha sonora, e extraindo atuações bastante naturais de todo o elenco, provando que às vezes uma câmera na mão e uma idéia na cabeça pode ser suficiente. E o modo como decidem finalizar esta pequena grande estória traz uma mensagem implícita: a de que, mesmo que tenham parado de acompanhar a vida daqueles personagens, a vida deles continua.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
Filmes de Outubro
Os Anjos Exterminadores (Les Anges Exterminateurs, 2006, Jean-Claude Brisseau) - ****
Cleópatra (2008, Julio Bressane) - ***1/2
c. O Balão Vermelho (Le Ballon Rouge, 1956, Albert Lamorisse) - ****
c. O Cavalo Branco (Crin Blanc: Le Cheval Sauvage, 1953, Albert Lamorisse) - ***
c. A Propósito de Nice (À Propos de Nice (1930, Jean Vigo) - ****
c. Taris ou a Natação (Taris, Roi de L'eau, 1931, Jean Vigo) - ***1/2
c. Zero em Comportamento (Zéro de Conduite: Jeunes Diables au Collège, 1933, Jean Vigo) - ****
Stroszeck (1977, Werner Herzog) - ****
Canções de Amor (Les Chansons D'Amour, 2007, Christophe Honoré) - ****
O Segredo do Grão (La Graine et le Mulet, 2007, Abdel Kechiche) - ***
Rebecca (1940, Alfred Hitchcock) - ***1/2
As Luzes de um Verão (Mua he Chieu Thang Dung, 2000, Anh Hung Tran) – ***1/2
Rebobine, Por Favor (Be Kind Rewind, 2008, Michel Gondry) – **1/2
Baixio das Bestas (2007, Cláudio Assis) - **