sábado, 15 de novembro de 2008

Novo Mundo

(Nuovomondo, 2006, Emanuele Crialese)



Respiro já era um belo filme, mas, mesmo que Emanuele Crialese já demonstransse ser um talento promissor, não espearia que seu filme seguinte fosse tão maravilhoso como esse Novo Mundo. Há uma evidente compaixão e afeto por todos aqueles personagens ao mesmo tempo confusos e fascinados por todas as aparentes oportunidades que o tal mundo novo permite. É um projeto bastante pessoal e sempre muito delicado, feito sob as perspectivas dos imigrantes. A maturidade do cineasta é algo que realmente surpreende, não apenas no lado dramaturgico como também do técnico: poderia cair muito bem no mero exibicionismo, como ocorre com diversos trabalhos de estrutura parecida (tipo Flanders, do Bruno Dumont), mais lentos e conteplativos, mas o que Criasele demonstra é ao mesmo tempo virtuosismo e segurança, nos apresentando imagens puras, cristalinas. Dois belos exemplos de seu talento nessa área: o plano em que mostra a partida do navio, um dos momentos mais embláticos do filme, quando os viajantes rompem de vez (ao menos fisicamente) os laços com suas raízes; a outra é aquela espécie de visão geral do "hospital", ao som de "I'm Feeling Good", uma parte muito curta, mas que chama bastante a atenção. Interessante também notar que Novo Mundo se distancia muito do melodrama convencional, especialmente em umas passagens surreais, como as do legumes gigantes ou o banho de leite (algo que me lembrou, aliás, de Em Busca da Vida, do Jia Zhang-Ke, outro grande filme). Cena final também é de uma beleza
extraordinária.

Um comentário:

Rodrigo disse...

Vou terminar evitar que isso aqui se torne um blog semanal. Quero "revitalizar" uns textos antigos nunca publicados, tipo esse.

Vi 007 ontem, mas o filme é tão nulo que eu realmente não tenho a mínima vontade de escrever sobre. Um outro dia, talvez (por puro prazer de falar mal do Marc Forster, aliás).