Baixio das Bestas (2007)
É muito provavelmente o mais polêmico cineasta brasileiro em atividade, seja pelo forte conteúdo de seus filmes ou pelas suas declarações (algumas estúpidas, outras hilárias – talvez justamente por serem estúpidas)
Amarelo, sua estréia, funciona como uma alegoria, com alguns personagens que parecem saídos de algum sonho maluco (ou de Trópico de Câncer, do Henry Miller – especialmente naquela parte sensacional em que dois personagens chegam na “casa de loucos”), assumidamente caricatos. Retira o humor (por vezes doentio) do grotesco, criando um retrato realmente singular do brasileiro médio, com uma representação extremamente viva e pulsante do cotidiano. Talvez seja justamente essa irreverência que o distancie do Baixio das Bestas, que entra mais no território da denúncia barata. As caricaturas, agora, parecem ser levadas a sério, como se esta fosse o relato mais fiel da “realidade” (até personagens falsamente ambíguos, como o avô – que reclama da falta de moral do mundo ao mesmo tempo em que explora sua filha (e neta, diga-se de passagem) – acabam se revelando apenas extremamente rasos). Todo o discurso soa apenas reducionista, simplificado e limitado, especialmente ao retratar a classe média. O choque é fácil e toda a sua linguagem me parece mais infantil do que “revoltada”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário