(2006, Hal Hartley)
Já seria muito abaixo da média somente por causa daquele tique desnecessário e imaturo de enviesar a câmera para 95% das cenas (o que ele quer provar com isso?), mas Hartley decide não apenas assassinar Fay Grim como também o filme que o antecede, As Confissões de Henry Fool (que ganhou Roteiro em Cannes em 97 e tem um bom número de fãs - apesar de que bem antes disso Hartley já era uma sensação indie), o trabalho mais conhecido do diretor. Acho muito superestimado, mas é um bom filme, sem dúvidas. Fay Grim retorna aos mesmos personagens, tendo como protagonista a personagem-título, interpretada por Parker Posey, que em Henry Fool desempenhava papel coadjuvante, a irmã de Simon, o lixeiro que se revela um grande poeta, descoberto por Henry. Primeiramente, não vejo motivo para se realizar uma continuação se você não está interessado em explorar, melhor desenvolver esses personagens. São figuras bastante interessantes, mas que aqui são reduzidas a marionetes de uma egotrip, nada mais que uma desculpa fútil para resgatar um antigo sucesso. O mais engraçado é que em Fay Grim há um diálogo que pode resumir muito bem todo o filme: nele, dois personagens conversam sobre "Confissões", série de livros escritos por Henry; um deles pede para que o outro procure ver o que há, na obra, por trás de toda a auto-indulgência masturbatória ou as discussões autocentradas; o outro retruca, perguntando se sobraria alguma coisa. Pois é, Hal Hartley, além de genial, "ousado e inteligente" (como define um crítico na contracapa do DVD), também entende de metalinguagem.
terça-feira, 12 de maio de 2009
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