sábado, 15 de março de 2008

Senhores do Crime

(Eastern Promises, 2007, David Cronenberg)



Visualmente é um dos filmes menos radicais do Cronenberg, mas tematicamente é possível encontrar diversos temas que são extremamente característico do cineasta, especialmente com seu trabalho anterior, o fantástico Marcas da Violência (ou seja, considerar Senhores do Crime como um filme mais "no piloto automático" é algo bastante equivocado, ao meu ver): o protagonista de ambas as histórias, interpretado brilhantemente por Viggo Mortensen, parecem se esconder através de uma máscara para conseguir ser aceito em seu ambiente. Em "Marcas...", Ed Stall havia conseguido atingir o sonho americano, até que seu passado volta para atormentá-lo; em "Senhores do Crime", Nikolai é motorista de uma família da máfia russa e contratado para realizar sempre aquele trabalho mais sujo, sempre às sombras, sem ser notado, quase um outsider, tendo que reprimir sua natureza. Quanto ao seu passado, nada se conhece, mas está expressado pelas inúmeras tatuagens de seu corpo. A Londres retratada por Cronenberg é sombria, obscura, e os personagens meio que se perdem nela; o modo como ele conduz a narrativa é seguro, preciso, e, se é não é um filme cheio de grandes momentos, Cronenberg nos entrega dois de uma força imensa: um deles comprova a secura com que o cineasta filma cenas de ação, esta passada numa sauna (um das grandes sequencias do ano, desde já); o outro é o belo plano final, que encerra o trabalho com um gosto amargo. Um filme menor, mas ainda assim, muito bonito.

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