quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Sonho de Cassandra

(Cassandra's Dream, 2008, Woody Allen)



Filme que confirma uma fase dramática de Allen que se distancia de seus trabalhos sérios bergmanianos feitos nos anos 70 e 80 (como Interiores e A Outra), se assemelhando mias ao excelente Ponto Final, especialmente por trabalhar com o Cinema de gênero, no caso o thriller, um estilo que apareceu recentemente até em seus filmes mais leves e cômicos, como Scoop. Explora tema já bastantes característicos do cinemasta, como o crime, o castigo e a culpa, mas o que distingue O Sonho de Cassandra de outros trabalhos de Allen é que a abordagem aqui é ainda mais densa, sufocante e amarga, sem nenhum elemento que possa suavizar a trama, puramente trágica (e tudo isso feito do modo mais contido possível).

Outro ponto que certamente é um dos grandes diferenciais de Cassandra é a classe social de seus personagens, e o que acaba por os destruir é justamente a obsessão em ascender na pirâmide social. Era uma característica que já estava presente no Jonathan Rhys Myers de Ponto Final, mas, se aquele conseguia concretizar seu objetivo, os de O Sonho de Cassandra parecem sempre frustrados. O de Ewan Macgregor, por exemplo, pega emprestado carros da oficina mecânica do irmão para tentar impressionar mulheres e essa necessidade de manter as aparências (às vezes para disfarçar a falta de caráter) atinge a grande maioria dos personagens em cena (pra não dizer todos).

Outro que cabe muito bem nessa categoria é aquele interpretado por Tom Wilkinson, o Tio Howard, tratado pela família como uma espécie de homem perfeito. Mas logo entra em cena, já conhecemos a sua verdadeira faceta. Já o personagem de Colin Farrell representa o lado humano, aquele com o espectador certamente se identificará mais e é impressionante como a atuação de Farrell consegue se mostrar eficiente ao nos mostrar toda a fragilidade do estado psicológico de seu personagem (especialmente na segunda parte do filme, porque anters eu o acho realmente irritante). É sem dúvida um belíssimo filme, e certamente entre os mais subestimados de Allen

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