quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Gerry

(2002, Gus Van Sant)



Já fazia um bom tempo que queria revê-lo, mas só fui realmente pôr esse plano em prática no último sábado. Acho que eu deveria amá-lo, pois é um tipo de cinema que na maioria das vezes me gera interesse e porque eu sou um babão do Gus Vant Sant, mas eu infelizmente não consigo enxergá-lo como algo mais que um exercício de estilo que prepara terreno para as obras-primas que viriam depois da carreira de Van Sant. Traz uma força visual que não se encontra em todo o filme, com uma fotografia espetacular do Harris Savides; aquele plano sequencia em que os dois andam feito zumbis em um deserto cada vez mais branco, enquanto o dia nasce, continua me deixando boquiaberto, mas o problema é que no miolo o filme me parece já muito esgotado. É filme de uma idéia só, levada tão ao máximo que tem momentos em que me soa só como exibicionionismo, pedantismo. É a prova de que Van Sant é um dos maiores diretores em atividade, mas que consegue fazer grandes filmes com grandes idéias quando possui uma dramaturgia mais sólida.

5 comentários:

samuel disse...

Penso em Gerry como um ensaio. Se visto isolado da filmografia do Van Sant pode até não dizer muita coisa, mas se o entorno for levado em conta temos um legítimo filme-ensaio para as obras futuras, que com certeza são muito mais polidas e visualmente instigantes.

Agora, no mínimo injusta a nota para o Cinema Transcendental: só o lado A vale as 3 estrelas que vc deu, sendo que as três primeiras canções são de arrebentar, um pop setentista refinado com muito suingue; já o lado B ainda tem Louco por Você, Trilhos Urbanos, Cajuína e Os Meninos Dançam. Ô loco. Tá entre os melhores dele nos 70's facilmente, A Outra Banda da Terra detona.

Anônimo disse...

Samuel, é, filme-ensaio acho que filme-ensaio é o melhor modo de definir Gerry mesmo.

Quanto ao Caetano: vou tentar dar mais uma chance, já que não só você como meu irmão já disse que a nota era injusta, hehehe. Eu não tenho dúvidas de que ele continua a ser um compositor genial, mas é que eu realmente não consigo ver grande coisa no disco musicalmente falando. Nesse sentido eu acho que dá pra perceber um pouco de acomodação do Caetano, é homogêneo demais. Acho meio decepcionante ver um cara que fez tanta coisa inovadora nos anos 60 e 70 fazer algo mais conservador assim (e sei que não é muito bom ficar comparando, mas é que pra mim parece inevitável, hehe). Mas eu sempre tive muita resistencia com essa fase do Caetano, talvez com o tempo eu consiga "entrar" mais nela, quem sabe. ;)

Anônimo disse...

Só corrigindo: esse primeiro "filme-ensaio" é desnecessário, favor desconsiderar, hehehe.

Luiz Henrique Oliveira disse...

Talvez, esse seja o filme mais difícil do Gus Van Sant, pelo menos pra mim: até hoje só consegui terminar esse filme duas vezes, sendo que já tentei mais de dez. Arrastado, complicado, mas foi o que definiu a obra do diretor posteriormente, para que ele criasse outros filmes tão bons estéticamente que fica até esquisito imaginar que veio da mesma cabeça. Mas, devo ressaltar, a fotografia de Gerry é fenomenal.

Bem, Rodrigo, eu tenho a mais absoluta certeza de que você não se lembra de mim mas em um passado não muito distante, tivemos um certo contato, pelo blog que eu tinha: Under Pressure. Agora, que eu resolvi voltar a esse mundo dos blogs depois de passar por sites, faculdades, produtoras e curtas-metragens, espero humildemente alguma notícia tua. E estou em novo endereço, caso interesse: (http://tomatesvirtuais.blogspot.com). Sendo assim, um grande abraço. Linkarei teu blog lá para poder acompanhar-te sempre. ;D

Anônimo disse...

:o. Lembro sim, você era o cara dos colchetes! Nossa, pensando agora que a gente se falava até que bastante, mas acabamos perdendo contato por algum motivo, né? hehe. Gostei bastante do teu blog, vou passar a acompanhá-lo com frequencia! (quando tiver paciência pra mexer na configuração, também coloco um link. ;)).

Sobre Gerry: eu também tive um pouco de dificuldade da primeira vez, fiquei muito dividido, mas essa revisão fez com que eu o digerisse melhor. Porém eu continuo a ver problemas ali, e mais em relação ao texto (ou a falta de, hehe) que esteticamente (nesse ponto o filme é incrível, em todos os sentidos). Como o Samuel disse, é uma espécie de filme-ensaio.