quinta-feira, 9 de abril de 2009

Longe do Paraíso

(Far From Heaven, 2002, Todd Haynes)



Era um filme que estava interessado em rever desde que eu vi o Não Estou Lá e o ótimo Veneno, mas acabei deixando pra depois e só fui me lembrar de aluga-lo dia desses (havia visto já há um bom tempo, na época do lançamento do DVD, se não me engano). Acaba confirmando que Haynes é realmente um dos melhores cineastas em atividade no momento, e que consegue impor sua marca mesmo em um filme menos vanguardistas. É todo desenvolvido como um melodrama clássico, mas acaba seguindo um caminho muito próprio: passa longe de ser frio e impessoal, como todos aqueles filmes enlatados para o Oscar, mas também não segue uma linha muito Clint Eastwood (apesar da delicadeza apresentada aqui seja a mesma), o que melhor sabe lidar com esse gênero atualmente; se quisermos falar de filmes com temas similares, Longe do Paraíso também se afasta de um "cinismo" à Beleza Americana (ou da sobriedade da excelente série televisiva Mad Men). O que Haynes faz aqui é pincelar com cores fortes e chamativas um mundo aparentemente perfeito, mas que no fundo se revela artificial e tão desestruturado como qualquer outro. Em uma determinada cena, por exemplo, a personagem de Julianne Moore pergunta ao seu jardineiro, vivido por Dennis Haysbert (de 24 Horas), se é possível enxergar através da superfície, e o mais interessante é que isso não apenas se relaciona com o contexto do filme (que tem como um dos principais temas o racismo) como também com essa própria questão estética. Aliás, o uso forte das cores no cinema de Haynes não é novidade, já que é algo que se pode notar em Não Estou Lá ou em Veneno, mas aqui ganha um foco principal. É realmente de impressionar como ele compõe todo esse colorido, seja por uma luz azul forte que parece dar mais melancolia ou densidade a uma cena, ou por aquele passeio no parque entre Moore e Haysbert, que consegue ser muito vivo e lírico visualmente sem parecer fetiche ou excessivamente plástico. Na verdade, o filme é todo tão natural quanto essa cena.

2 comentários:

Marcos disse...

Olá Rodrigo,

Sou leitor do ToLtal Trash e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que você também passasse a publicar seus textos no Cinema Total - assim você também atinge o público que acessa o Cinema Total e não conhece o ToLtal Trash.

Se você quiser, me mande um email quando criar sua conta que eu verifico se está tudo ok.

Um abraço,
Marcos

Rodrigo disse...

Legal a idéia, Marcos. Então seria como se eu continuasse mantendo esse blog mas publicando esses meus textos em um outro hospedeiro também? Ou eu teria que escrever mais periodicamente, por exemplo?