(2008, Martin Scorsese)
Em 2005, Martin Scorsese decidiu realizar todo um estudo a respeito de uma das figuras musicais mais importantes e míticas da segunda metade do século XX, Bob Dylan. O documentário não era novidade em sua filmografia, visto que já havia feito nos últimos anos dois trabalhos muito prestigiados sobre o Cinema Americano ("Uma Viagem Pessoal pelo Cinema Americano", que resultou também em um grande livro) e o Italiano ("Viagem à Itália"), mas já fazia quase três décadas que Scorsese não falava diretamente sobre sua paixão pela música (quando realizou The Last Waltz - e eu infelizmente não posso fazer um relato mais aprofundado sobre esses porque ainda não tive a oportunidade de vê-los), ainda que esta tivesse já muita importância no restante de sua filmografia (e sempre a utilizou brilhantemente). O documentário de 2005 acabou se tornando "No Direction Home", uma obra-prima obrigatória, o melhor que Marty fez nessa década. Agora, ele volta à sua mais recente obssessão ao retratar um outro ícone do mundo da música e umas das suas bandas favoritas (tem bom gosto, não?): os Rolling Stones. A abordagem, no entanto, é diferente: se em "No Direction Home", a análise feita sobre a persona de Bob Dylan era minuciosa, detalhista, com depoimentos e imagens de arquivo riquíssimas, o que acabou por resultar em um monstruoso trabalho de mais de 200 minutos. Em "Shine a Light", por outro lado, o que Scorsese registra é um (aparentemente) simples concerto da banda de Mick Jagger e Keith Richards. No entanto, reduzir o filme a isto me parece ser um erro quase imperdoável: o que Scorsese procura aqui não é um mero registro, e sim, assim como ocorria com No Direction Home, um estudo muito discreto sobre aquelas figuras em cima do palco, apesar de obviamente não tão aprofundado. As imagens de arquivo, que incluem especialmente entrevistas da época do auge dos Stones, elaboram um retrato sobre como a passagem do tempo afetou o grupo, seja positivamente ou negativamente, além da preocup. O time de diretores de fotografia reunido aqui é invejável (Robert Elswit, eventual parceiro do Paul Thomas Anderson; Emmanuel Lubezki, de Filhos da Esperança e O Novo Mundo; Robert Richardson, que já trabalhou com Scorsese em O Aviador; Andrew Lesnie, de O Senhor dos Anéis; e por aí vai, a lista é grande) e a montagem, precisa, mas confesso que mais ou menos pela segunda metade de filme cheguei a ficar um pouco cansado, o que também não chega a alterar o resultado final. De qualquer modo, um filme que traz um plano-sequencia de encerramento excepcional como aquele e a bombástica revelação de que o Charlie Watts fala não pode ser pouca coisa.
domingo, 13 de abril de 2008
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