segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Bird

(1988, Clint Eastwood)

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Impressionante como esse filme teria tudo para se tornar um Ray da vida, mas entra em um caminho distinto. Primeiramente, Bird não se preocupa em contar uma estória de redenção de um gênio que influenciou milhares de gerações (não há qualquer tipo de lição de moral), porque o Charlie Parker daqui é um ser humano como qualquer outro, com uma vida cheia de altos e (principalmente) baixos, frágil e auto-destrutivo (e é um filme que pode soar amargo porque o personagem parece ter consciência disso, em determinado momento). Não há qualquer sinal de melodrama fácil (Clint está sóbrio como sempre) e é muito mais pessoal (taí, e isso faz toda a diferença) que 90% das cinebiografias que eu vejo. Consegue muito bem também retratar sua época, aquela em que o jazz fervia (ao mesmo tempo em que registra muito bem as mudanças que o tempo causa -reparem só na decpção de Parker ao descobrir que os antigos clubes de jazz se transforam em shows de striptease, ou na cena em que ve um antigo companheiro tocando rock n' roll). Muitos poderiam reclamar pelo fato de o filme não focar muito a infância ou adolescência do saxofonista, mas em compensação isso nos livra de termos um filme sobre "o garoto que pobre que subiu na vida" ou a do "garoto traumatizado pela frieza de seu pai" (este, um dos maiores problemas de Johnny e June - que, por outro lado, compartilha a qualidade de "Bird" de saber como retratar a vida amorosa de seu protagonista). Além disso, é irmão de Sangue Negro no sentido de não ser exatamente um filme de ator, mas que também não seria o mesmo sem ele: Whitaker é brilhante, e é facilmente sua melhor interpretação, sua obra-prima. A angústia do protagonista, que só consegue alcançar a sua liberdade por meio da música, se torna plenamente crível em sua pele, fazendo de Bird um trabalho ainda mais caloroso e intenso.

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