(Doubt, 2008, John Patrick Shanley)
Às vezes Dúvida me lembra "O Leitor" (o que nunca é bom), devido especialmente ao seu tom friorento que parece seguir o "padrão de qualidade britânico". No entanto, não consigo chamá-lo de enlatado, como aconteceu com o filme de Stephen Daldry, já que ele parece mais interessado em desenvolver o seu lado dramatúrgico (enquanto "O Leitor", nesse ponto, é muito mais burocrático e previsível). Dúvida é oriundo do teatro, adaptado de uma peça ganhadora do pulitzer escrita pelo próprio diretor do filme, então não assusta o seu interesse em explorar o texto (e faz muito bem ao adotar uma postura imparcial aos ocorridos, sem nunca deixar claro o que realmente aconteceu). Visualmente, parece ser um trabalho pensado para o Cinema, mas há alguns pontos que o filme infelizmente não consegue se distanciar do teatro (não que haja alguma coisa de errado com este - pelo contrátrio -, mas acredito que essas duas artes tenham divergencias em certos pontos), com um conteúdo visivelmente encenado, algo que pode se evidenciar em alguns diálogos (toda a sequencia da discussão entre Streep e Hoffman nos 20 minutos finais ou a horrível cena final, por exemplo). Meryl Streep, aliás, é um dos maiores defeitos do trabalho, com a sua performance totalmente over e caricatual(Hoffman, ao contrário, faz um trabalho mais digno). Me incomoda muito também como a própria construção da personagem parece exagerada, virando uma espécie de antagonista sem sentimentos; para um filme que aborda um tema tão delicado, um pouco de humanidade e naturalidade não fariam mal a ninguém.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
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