domingo, 28 de junho de 2009

Sem Essa, Aranha

(1970, Rogério Sganzerla)





Os filmes de Sganzerla parecem todos muito porraloucos, mas Sem Essa Aranha consegue a proeza de ser o seu trabalho mais radical. Não há nem aquela mistura de gêneros existente em "O Bandido da Luz Vermelha", porque esse filme transcende gêneros. Os personagens parecem existir em uma época situada em um pós-Brasil, experimentando o exílio em um lugar não-identificado (Paraguai? Favela?) depois que esse nosso país faliu de vez. É um filme grosseiro, de um "mau gosto" enorme (Helena Ignez, musa e espoesa de Sganzerla, força o vômito em cena, em transe), subversivo e assumidamente subdesenvolvido, from ther third world (expressão em inglês em homenagem a Aranha, um dos grandes personagens do Cinema Nacional).

Falando um pouco sobre a edição nacional da Lume Filmes, a qualidade da imagem e do som são péssimas (como eles próprios dizem na contracapa - apesar de com um pouco de eufemismo), mas reclamar disso seria bobagem, não apenas porque certamente foi a melhor qualidade em que encontraram a obra ou pela iniciativa de dar atenção a um Cinema que antes ficava restrito às madrugadas do Canal Brasil ou mostras especiais, mas também devido à gloriosa entrevista de Rogério Sganzerla que vem como extra, de 140 minutos, dando um show de lucidez, além de um bacana curta-metragem feito por ele em 68, História em Quadrinhos, e um outro emocionante feito pela Helena Ignez, sobre a turma do Belair.

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