sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A Via Láctea

(2007, Lina Chamie)



Eu poderia ter ficado muito irritado com aquele discurso repetitivo sobre o caos das cidades grandes caso esse filme de Lina Chamie não soubesse trabalhar muito bem com as paisagens de São Paulo, criando uma interação essencial entre personagem e o espaço. Também poderia ter achado pedante e pseudo-poético caso o filme não apresentasse uma paixão tão grande em experimentar cada possibilidade do Cinema, da montagem, que acaba por tornar A Via Láctea em um trabalho que pulsa, vivo, espontâneo (com isso, qualquer possibilidade de estar vendo uma egotrip foi descartada). Feito como se passasse na memória de um homem arruinado pela paranóia e obcecado com o seu relacionamento amoroso prestes a se acabar, com a confusão urbana somente dificultando seu já fraco estado mental. Vemos flashbacks, situações repetidas, às vezes com mudança de pontos de vista, uma trilha que entra e sai de repente (evocando Godard, de um modo que pode até parecer um pouco forçado), criando um anti-clímax em diversos momentos (a canção tema dos Looney Tunes, por exemplo), com uma estrutura que atinge seu máximo num belíssimo terceiro ato, quando tudo o que poderia parecer deslocado se encaixando muito bem. Tem também uma interpretação muito boa do Marco Ricca, e uma talentosa Alice Braga, mais bonita que nunca.

2 comentários:

Luiz Henrique Oliveira disse...

Pra mim, a melhor interpretação do Marco Ricca, um ator bem competente. E ver esse filme sempre me dá saudades da Grande Capital, até porque o vi num cinema da Paulista e já ligo uma coisa a outra. A Via Láctea é muito mais do que um título (nome) bonito. Grande abraço.

Anônimo disse...

Também melembnrei muito da época em que fiquei em São Paulo, há dois anos (por um mês e meio, mais ou menos). O melhor é que o filme sabe aproveitar cada espaço do cenário. E o título é bem bonito mesmo, hehe.