(2007, Tim Burton)
A primeira impressão que tive era a de que Tim Burton estava por demais acomodado em seu próprio universo, e todo aquele visual gótico simplesmente não estava causando tanta impressão em mim simplesmente porque... bem... é exatamente isso que se espera de um filme do homem; também tinha uma certa frieza e distância no modo como ele conduzia aquilo tudo que me incomodou. São primeiras impressões que aos poucos vão se desfazendo: o filme vai, lentamente, criando força, envolvendo, pra terminar em um terceiro ato extraórdinario, perturbador. Mas se há algo em Sweeney Todd de que nunca duvidei é a de que a decisão de colocar Burton por trás das câmeras é perfeita: ele sabe habilidosamente como construir a atmosfera de uma Londres em completa decadência (ou melhor, ele a compreende), mas nunca se deixando levar pelo mero exibicionismo, sabendo sempre como situar aqueles personagens terrivelmente amargos e psicóticos dentro do seu cenário. A violência é estilizada, mas também muito crua, especialmente na parte final, sem dúvida a mais trágica, sangrenta e apoteótica da carreira de Burton, que, se inicialmente me pareceu tratar o trabalho com certa impessoalidade, acaba por transforma-lo em uma obra extremamente segura e forte. Como se não bastasse, as canções são boas, e temos também um Johnny Depp genial, sempre se reinventando como ator.
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